Costuma ter alergias ou queimaduras mesmo após usar o protetor solar corretamente?
Provavelmente não está a utilizar o produto adequado à sua pele.
É essencial escolher a proteção solar ideal e segura para o seu rosto e corpo, tendo em consideração as características e idade da sua pele. Neste artigo, vamos fornecer informações importantes para o/a ajudar a selecionar o protetor solar adequado, para que se consiga proteger dos danos causados pelo sol e aproveitar os seus benefícios.
Por que devemos falar sobre proteção solar?
A preocupação com a proteção solar existe desde 1880, quando o sulfato de quinina acidificado foi proposto como um fotoprotetor químico. Desde então, houve um aumento da preocupação em combater os efeitos negativos da exposição solar. Atualmente, devido ao aquecimento global, essa preocupação tornou-se ainda mais relevante.
Radiação Solar: o que é?
Vamos começar por entender, de forma simples, o que é a radiação solar. O espectro da radiação solar que atinge a Terra pode ser dividido em três tipos:
Radiação Ultravioleta (RUV) – representa 10% da radiação solar
Radiação Visível (RV) – representa 40% da radiação solar
Radiação Infravermelha (RIV) – representa 50% da radiação solar
A exposição a estas radiações depende de vários fatores, como latitude, altitude, camada de ozono, nebulosidade e estação do ano. A radiação ultravioleta é a que apresenta as maiores consequências negativas para a saúde humana. Neste sentido, a radiação visível não é tão prejudicial, enquanto a radiação infravermelha causa a sensação de calor e pode levar inclusive à desidratação.
Radiação Ultravioleta: como ela nos afeta?
Vamos nos concentrar na radiação ultravioleta, pois é a mais importante e requer maior atenção e cuidado. Dentro da radiação ultravioleta, temos:
Raios Ultravioleta A (UVA) – correspondem a 8% da radiação ultravioleta que atinge a superfície da Terra
UVA 1 (340-400 nm)
UVA 2 (320-340 nm)
Raios Ultravioleta B (UVB)
Raios Ultravioleta C (UVC)
Enquanto os raios UVC são absorvidos pela camada de ozono e não representam grande perigo, os raios UVA e UVB são capazes de penetrar na pele em profundidade diferentes. Portanto, essas são as radiações que devemos ter mais atenção quando falamos de proteção solar.
Enquanto os raios UVA penetram na pele até à derme, os raios UVB atingem apenas a epiderme.
A radiação UVA causa um bronzeado imediato da pele, podendo causar danos diretos e indiretos ao DNA, envelhecimento precoce, supressão do sistema imunológico e desenvolvimento do cancro de pele. Além disso, esta radiação também é associada a reações de fototoxicidade e fotoalergia.
Por outro lado, a radiação UVB é responsável pelo desenvolvimento de eritema (vermelhidão), queimaduras solares e danos diretos ao DNA. Ela também está associada ao bronzeamento causado pela pigmentação indireta.
A absorção dessas radiações é realizada por cromóforos presentes na pele, como melanina, DNA e RNA, entre outras moléculas. Isso resulta em diferentes reações, que podem ser benéficas para o organismo (por exemplo, produção de vitamina D) ou prejudiciais (formação de espécies reativas de oxigênio).
Índice Ultravioleta (IUV)
Devido aos efeitos nocivos das radiações ultravioleta, existe uma forma de medir a sua intensidade, chamada Índice Ultravioleta (IUV). O IUV é uma medida dos níveis de radiação solar que contribuem para a formação de eritema (vermelhidão) na pele humana. A sua formação depende do tipo de pele e do tempo máximo de exposição solar sem proteção. Os valores de IUV podem variar de:
2 (baixo)
3 a 5 (moderado)
6 a 7 (alto)
8 a 10 (muito alto)
Acima de 11 (extremo)
Em Portugal, os valores médios de IUV variam de 3 a 6 entre os meses de outubro e abril e aumentam para 9 e 10 entre maio e setembro.
Radiações UV: efeitos na pele Vamos agora entender como a exposição da pele à radiação ultravioleta afeta a pele humana. Existem vários efeitos agudos e crónicos benéficos e prejudiciais que podemos destacar:
7 efeitos da radiação solar na pele:
Eritema: É a vermelhidão causada pela queimadura solar, principalmente devido à radiação UVB. Geralmente dura de 48 a 72 horas, mas uma reação mínima de eritema pode ser observada apenas 24 horas após a exposição solar.
Escurecimento imediato e tardio da pigmentação: A exposição à radiação UVA causa um escurecimento imediato da pele, enquanto a ação da radiação UVB resulta num escurecimento tardio que dura até 24 horas. Isso ocorre devido à foto-oxidação e redistribuição da melanina existente, sem síntese de nova melanina.
Bronzeamento tardio: O bronzeamento é induzido pela radiação UVA e UVB e pode ser observado a partir do terceiro dia de exposição solar. Nesse caso, ocorre a estimulação da tirosinase e a síntese de nova melanina.
Hiperplasia epidérmica: É o aumento do número de células na epiderme como uma resposta adaptativa a uma exposição excessiva à radiação UVB. Esse efeito pode durar cerca de um mês.
Formação de radicais livres: A radiação UV induz a formação de espécies reativas de oxigénio (ROS), como peróxido de hidrogénio e radical superóxido. Esses radicais livres podem causar danos ao DNA, proteínas e membranas celulares. Acredita-se que sejam responsáveis pelo potencial mutagênico dos raios UVA. As ROS também promovem a peroxidação lipídica das membranas celulares, levando à liberação de citocinas inflamatórias e fatores de crescimento que afetam o colágeno e a elastina da matriz extracelular, resultando na perda da integridade da estrutura da pele e no envelhecimento cutâneo.
Síntese de Vitamina D: A exposição solar, especialmente aos raios UVB, é uma das principais formas de obtenção de vitamina D, essencial para a manutenção da homeostase do cálcio no organismo. Isso ocorre por meio da conversão do 7-desidrocolesterol em vitamina D3.
Ação sobre problemas dermatológicos: A radiação solar pode ter efeitos benéficos em condições como dermatite seborreica, eczema atópico e psoríase. No entanto, também pode desencadear o aparecimento de herpes simples, rosácea e vitiligo.
Raios UV: 5 efeitos prejudiciais a longo prazo na pele: A exposição crônica excessiva à radiação UV pode levar a consequências mais graves para a pele. Alguns dos efeitos prejudiciais a longo prazo são:
Fotoenvelhecimento: A radiação UVA, que penetra mais profundamente na pele, é a principal responsável pelo fotoenvelhecimento, que envolve o aparecimento de rugas, vasos sanguíneos finos (telangiectasias) e comedões. Além disso, causa perda de elasticidade da pele.
Imunossupressão: A radiação UV pode levar à supressão do sistema imunológico, reduzindo as defesas do corpo.
Fotocarcinogênese: A indução de mutações no DNA, com a imunossupressão que impede o sistema imunológico de reconhecer células malignas, aumenta o risco de desenvolvimento de melanoma e carcinoma de células basais e escamosas.
Hiperpigmentação: A exposição aos raios UV pode levar a uma produção intensificada de melanina em certas áreas, resultando em manchas mais escuras que contrastam com o tom natural da pele.
Complicações oculares: Estima-se que cerca de três milhões de pessoas percam a visão a cada ano devido a danos causados pela radiação solar. Problemas como catarata e conjuntivite também são comuns.
É essencial proteger-se adequadamente da radiação solar para evitar esses efeitos prejudiciais e aproveitar os benefícios do sol com segurança.
Escolher um protetor solar adequado é uma das medidas mais importantes para garantir essa proteção.
Ao escolher um protetor solar, considere os seguintes fatores:
Fator de Proteção Solar (FPS): O FPS indica o nível de proteção contra os raios UVB. Quanto maior o FPS, maior será a proteção. Recomenda-se um FPS de pelo menos 30 para uso diário e FPS 50+ para atividades ao ar livre intensas ou exposição prolongada ao sol.
Proteção UVA: Além do FPS, verifique se o protetor solar também oferece proteção UVA. Procure por produtos com o símbolo “UVA” circulado, indicando que o produto atende aos padrões de proteção UVA.
Escolha segundo o seu tipo de pele: existem protetores solares específicos para diferentes tipos de pele, como pele seca, oleosa, mista ou sensível. Escolha um protetor solar adequado ao seu tipo de pele para evitar problemas como obstrução dos poros ou ressecamento excessivo.
Textura e formulação: Os protetores solares estão disponíveis em diferentes texturas, como creme, loção, gel e spray. Escolha uma textura que seja confortável para você e que se adapte à sua rotina de cuidados com a pele. Além disso, verifique se o protetor solar é resistente à água, especialmente se você estiver a planear atividades aquáticas ou suor excessivo.
Ingredientes adicionais: Alguns protetores solares contêm ingredientes adicionais, como antioxidantes, hidratantes ou ingredientes calmantes, que podem oferecer benefícios extras para a pele. Verifique os ingredientes e escolha um produto que atenda às suas necessidades específicas.
Data de validade: Verifique sempre a data de validade do protetor solar e não o utilize se a data já estiver expirada. A eficácia do produto pode diminuir com o tempo, colocando a sua pele em risco.
Consulte um dermatologista: Se você tiver dúvidas sobre qual protetor solar é o mais adequado para você, é sempre recomendável consultar um dermatologista. Eles poderão avaliar a sua pele, recomendar produtos específicos e fornecer orientações personalizadas.
Lembre-se de aplicar o protetor solar de forma adequada, cobrindo todas as áreas expostas da pele, e reaplicar a cada duas horas ou após nadar, transpirar ou se secar com uma toalha. Além disso, use roupas de proteção, como chapéus de abas largas, óculos de sol e roupas de manga longa, para complementar a proteção solar.
A proteção solar adequada é fundamental para prevenir danos à pele causados pela exposição aos raios UV. Portanto, escolha o protetor solar ideal e adote uma rotina consistente de proteção solar para manter a sua pele saudável e protegida.
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